Monday, June 21, 2010

Procura-se: Friends for fun

Segunda-feira. Faço uma pausa, respiro. Foi nesse fim de semana, no fim do domingo que constatei algo que deve ter se tornado verdade há algum tempo, mas que eu nunca tinha percebido: sou amiga para lição de casa, mas não para brincar. Meu número de telefone está na lista de emergência pendurada na geladeira, está no speed dial do telefone, caso alguma criança adoeça. É minha casa que chamam quando não sabem onde encontrar artigo que não consta das páginas amarelas. Ou consta, mas têm preguiça de procurar. Faço os bolos de aniversário, organizo festas, alimento quantas bocas forem necessárias, ouço confidências, pego no colo, dou bronca quando preciso for. Mas não sirvo para diversão. Não sou convidada para restaurante de fim de semana, passeio no shopping ou a piscina do domingo. E eu me pergunto: quando é que deixei de ser divertida? Ou será que nunca fui, e só eu nao sabia? Quando é que fiquei tão séria? Tudo bem, entendo bem que não é todo dia que se tem vontade de conviver com uma criança com autismo, e todos os desafios que a acompanham. Entendo; mas esse é um luxo que não faz parte do meu cotidiano. Pode ser que eu tenha me tornado menos divertida quando meu pai adoeceu, e a cada notícia de piora dele, é bem verdade. Talvez quando o saldo na minha conta bancária diminuiu, e não pude mais alimentar tantas bocas, daí sim, acho que me tornei menos divertida. Mas a vida ensina, e eu tento aprender; a relevar, porque não se pode ser tão rígido. Nem mesmo o concreto pode ser tão rigido, há de permiti-lo mover, senão racha. Então, ontem, finalmente percebi, entre olhares e piscadas, cochichos pelos cantos, no meio do jogo do Brasil, que alguns de nós nunca deixaram o ginásio, ondem reinam as panelinhas; e a popularidade é medida pelo tênis da moda, a camiseta de marca e o acessório na cor certa. E eu relevo, porque entendo que a vida é voraz. Me sinto privilegiada, porque tenho a oportunidade de aprender mais profundamente do que é feito a matéria humana. Entendo. Mas nesse silêncio profundo que se instalou na minha alma desde ontem, sigo heartbroken.

(Enquanto ouvia Djavan, Faltando um Pedaço)

1 comment:

  1. Heartbroken? pelo período de uma lua, ou de um sol, não mais que isso.

    Na vida de todos os dias, aquela que você constrói com dedicação por inúmeras luas e sóis, nessa sua vida, Juliana, seu nome é Unbroken.

    Denise

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